quarta-feira, 6 de novembro de 2013

INSTANTÂNEOS - VIII

O percurso atravessava o subúrbio de uma pequena aldeia por entre quintinhas e vivendas profusamente ornamentadas com bonitas e variadas flores. O sol brilhava num céu limpo, de azul profundo, a temperatura era amena, o ambiente entre os caminhantes peregrinos era descontraído e bem disposto. O tema de conversa desembocou nas mini-férias que o casal Pintassilgo tinha gozado na semana anterior. Os dois, só os dois, sem empecilhos. Foram arrulhar, propôs alguém, foram nidificar, avançou outro alguém, foram dar umas depenicadas, atreveu-se um terceiro alguém. A resposta mantinha-se muda, feita de sorrisos escondidos e olhares cúmplices.

O macho Pintassilgo, todavia, não resistiu ao impulso e, entre o provocador e o exibicionista, surripiou 4 pés de hortênsia, compôs um rápido mas formoso ramo e foi oferecê-lo à fêmea Pintassilgo acompanhado de um breve encontro de bicos.

O gesto mereceu o aplauso geral. Que devia servir de exemplo e ser seguido por outros machos cujas fêmeas também estavam presentes. O macho Branco foi determinado na recusa:

- Nem pensar, eu não ofereço flores nenhumas à minha querida.

Provocou espanto e desaprovação geral tamanha desfaçatez, tendo-se mesmo ouvido alguns assobios. Serenados os ânimos, ele explicou:

- Eu não ofereço flores à minha amada esposa porque não quero que ela pense que eu a vejo como uma jarra.