sábado, 2 de julho de 2016

Diário de Caminhada - Caminho Inglês - Etapa I


1ª ETAPA: A CORUÑA – BRUMA

09/06/2016

Distância: 35,2 km
Tempo total: 10 horas
Tempo em movimento: 8 horas
Tempo parado: 2 horas
Velocidade média: 4,3 km/h
Altitude mínima: 1 metro
Altitude máxima: 445 metros

Track aqui

Caminhantes: Anselmo Cunha, Conceição Branco, Elsa Branco, Fernando Micaelo, Jaime Matos, Joaquim Branco, Paula Marques, Raul Maia e Teresa Martins.







Para chegar a A Coruña, a partir de Castelo Branco é preciso sair cedo, quase 2 dias. O chefe da estação apitou para autorizar a partida do comboio das 15:20, às 15:20, rumo ao Entroncamento, onde subimos para o que nos levou até Porto Campanhã; daqui foi um saltinho até São Bento, o mesmo saltinho novamente para Campanhã, depois outro para Vigo, finalmente outro que nos conduziu à antiga capital da Galiza. No meio, dormida no Porto, Rua das Flores, com direito a sangria em esplanada de Mafamude que é como quem diz, ali na ribeira, à beirinha do Douro.
A Coruña é uma cidade média à escala ibérica, albergando cerca de 250 mil almas, com muito para ver. Seleccionámos a torre de Hércules ou torre de Bréogan, por ser o monumento mais antigo e mais emblemático. Parece que é o farol em funcionamento mais antigo do mundo. Instalação em plena zona histórica, de ruas estreitas, no Hostal Hotil, preços e condições aceitáveis.






O dia ofereceu-se-nos fresco às 06:15, nublado mas sem precipitação. Bem dispostos, alegres e contentes, atacámos a 1ª etapa desta variante do Camiño Inglés determinados a enfrentar os mais de 36 quilómetros que nos conduziu a Bruma. Nos primeiros 5 rolámos pelo perímetro urbano de A Coruña, junto a um braço da ria, passagem ao largo do aeroporto até nos embrenharmos finalmente no típico caminho em espaço predominantemente rural. Todos os cronómetros já registavam mais de 3 horas de esforço sem pequeno almoço, por falta de tascas, quando a salvação surgiu miraculosamente numa carrinha de venda ambulante de pão, conduzida pela mui simpática Sandra, mesmo pertinho de um fontanário que debitava um caldeiro de lata dos grandes a cada 30 segundos. Desnocou-se o pão quentinho, entremeou-se com chouriço e queijo, e eis que o ânimo ressuscitou, a pontos de inspirar o nosso Jaime que, cumprindo uma tradição muito sua, presenteou a sua amada Paula com umas rosas surripiadas a um quintal galego.



Foi preciso galgar mais um bom par de quilómetros até Sergude onde finalmente foi possível tomar um cafezinho no Adolfo. A dona apressou-se a informar-nos que existe um albergue público em Sergude, novinho, com excelentes condições, pouco utilizado. Seria uma boa opção se não tivéssemos planeado pernoitar em Bruma e plano é plano, talvez para a próxima. Fomos prometendo que divulgaríamos a novidade e aí está ela: para quem pretender fazer o Camiño Inglés a partir de A Coruña tem um albergue da rede pública à vossa espera em Sergude. O que ganham com isso? Localiza-se mais ou menos ao vigésimo quinto quilómetro, antes da terrível tirada de cerca de 5 quilómetros pronunciadamente inclinados que se seguem, logo a seguir ao Café Central em Desabanda a que os galegos chamam A Costaneira. Se não fossem os chupitos de hierbas que aí degustámos, ficaria complicado chegar à antena que plantaram quase no topo.




A reposição de líquidos é possível em As Travessas, a um saltinho do albergue de Bruma, onde manda o jovial e despachado D. Benino. Chegámos em boa hora: a lotação é pequena e 10 minutos depois já estava a chegar um grupo de pesados alemães, e depois outro, provenientes de Ferrol que já não tiveram lugar. Felizmente para eles, D. Benino está preparado para os reencaminhar para os albergues privados de Meson do Vento. Ali, a 50 metros do albergue, restaurante e esplanada satisfatórios.



Curiosidades recolhidas junto de D. Benino:
- em 2015, pernoitaram no albergue de Bruma mais de 4000 peregrinos;
- a maioria são espanhóis, seguidos de italianos, portugueses e alemães em número aproximadamente igual;
- há mais irlandeses a fazer o Camiño Inglés do que súbditos de Isabel II, que são mesmo raros;
- peregrinos de outras nacionalidades são residuais;
- na história do albergue foi registado um peregrino, único, da Namíbia;
- não há muitos peregrinos a fazerem o Camiño Inglés a partir de A Coruña; a esmagadora maioria parte de Ferrol, seguramente porque é esse que dá direito à “compostela”;

- neste dia, teremos sido os únicos que saíram de A Coruña.

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